quinta-feira, 18 de junho de 2009

Podia ser com você ou com um filho seu




Socos, tapas, pontapés, enforcamento com o moletom e maquiagem feminina. Esses eram alguns tipos de maus-tratos que o jovem L., de 15 anos, aluno da 7ª série de uma escola municipal na zona oeste de São Paulo, sofria. Com um atraso no desenvolvimento intelectual diagnosticado nos primeiros anos de vida, o adolescente passou a ser vítima sistemática de bullying desde o início do ano letivo.

Com isso, L. perde temporariamente parte da autonomia para as tarefas cotidianas que adquiriu ao longo dos anos, como tomar banho e se vestir sozinho. Mesmo desconfiados de que algo ia mal na escola, já que o filho não contava, os pais só tiveram a certeza do bullying quando amigas do colégio bateram à porta do comércio do pai.

"O que me descreveram foram cenas de tortura dentro da escola, como fazer do moletom uma corda, enrolar no pescoço e puxar até ele ficar roxo", conta o comerciante Haroldo, de 51 anos, pai do adolescente. "Quando ele estava estressado, elas o protegiam." Antes do relato das amigas, o pai havia tentado conversar em abril com o diretor da escola. Diz não ter sido atendido em cinco tentativas. Em uma delas, o filho voltou do colégio com maquiagem no rosto e fita no cabelo.

Depois que tiveram a certeza do bullying, os pais decidiram levar o caso à Diretoria Regional de Educação, onde formalizaram uma queixa. Por determinação da diretoria, o Centro de Formação e Acompanhamento à Inclusão passou a atuar no caso e designou uma estagiária para acompanhar o jovem.

O diretor da escola afirma que "todas as providências cabíveis foram tomadas", citando como exemplo o estagiário que acompanha o jovem na classe. "Sempre que o pai me procurou foi atendido. Tomei as providências dos fatos que chegaram ao nosso conhecimento", afirmou ele, concluindo ser a favor da inclusão.
Fábio Mazzitelli''OESP''

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