“Mandei plantar
folhas de sonhos no jardim do Solar” – (Caetano Veloso em “Panis et
Circenses”)
Nosso próximo
convidado é o jornalista e escritor Toninho Vaz, no dia 9 de março, às 15h,
ele estará no Espaço Plínio Marcos
em uma tarde de bate papo, autógrafos e leituras do livro “Solar da Fossa - Um território de
liberdade, impertinências, ideias e ousadias”. O Toninho já
participou duas vezes do projeto O Autor na Praça, autografando
"O Bandido que sabia
Latim - A Biografia de Paulo Leminski" e "Pra mim Chega - a Biografia de
Torquato Neto". Contaremos com a participação especial, do
músico, escritor e jornalista Gutemberg
Guarabyra, que foi um dos moradores do “Solar”, na ocasião também vamos
celebrar o Dia Internacional da Mulher com a participação musical de Nanda Maya. O cartunista Junior Lopes
participa do evento, realizando caricaturas. Mais informações abaixo.
Sobre “Solar da
Fossa” – “Era um lugar único e seminal que desenhou
coisas ainda vigentes e não devidamente decodificadas: livros, textos, obras,
ideias, posições. Não tenho medo de afirmar que as bases estratégicas do Rio
contemporâneo, em termos culturais e comportamentais, foram criadas no Solar da
Fossa”. (Guilherme Vaz).
Um casarão colonial
em Botafogo, de dois andares e 85 quartos, que mudou para sempre os rumos da
cultura carioca e, por que não? Brasileira. foi o endereço e o abrigo de poetas,
compositores, atores, jornalistas, artistas plásticos – loucos, cabeludos e
“desbundados” que vinham de todos os cantos do país e encontravam ali o jardim
ideal para plantar suas “folhas de sonho” e materializar verdadeiras obras de
arte. O local, que hoje é ocupado por um dos maiores shopping centers da cidade,
foi a sede de um verdadeiro caldeirão cultural e o cenário de inúmeras histórias
engraçadas, românticas e muito polêmicas.
De 1964 a 1971,
passaram pelo Solar da Fossa alguns dos principais nomes da música popular,
teatro, cinema, televisão, imprensa, política e comportamento. Entre os
inquilinos que viriam se tornar famosos estão Caetano Veloso, Gal Costa, Paulo
Coelho, Paulinho da Viola, Paulo Leminski, Tim Maia, Maria Gladys, Betty Faria,
Ítala Nandi, Antônio Pitanga, Marieta Severo, Zé Kéti, Gutemberg Guarabyra, Abel
Silva, Cláudio Marzo, Mauro Mendonça, Naná Vasconcelos, Adelzon Alves e Darlene
Glória, a maioria na faixa de 23 ou 24 anos. “Se havia um terremoto cultural e
político acontecendo na cidade maravilhosa, o Solar era o epicentro”, define o
autor. Além de aberto e acessível à cidade que o cercava – na verdade, o Rio ia
ao Solar para conhecer seus sedutores rapazes e moças, trocar ideias, aprender
com eles, beber algumas, praticar certos esportes ilegais ou, o que era comum,
namorá-los. O nome “fossa” foi aplicado ao Solar em 1967 pelo cenógrafo e
carnavalesco salgueirense Fernando Pamplona, quando, arrasado,
foi morar lá por ter se separado da mulher.
No Solar foram
compostas mais de 15 canções, como “Paisagem útil”, “Alegria, alegria”, de
Caetano Veloso; “Sinal Fechado” de Paulinho da Viola; e Paulo Leminski escreveu
longas partes de seu romance Catatau. Grupos como o trio Sá-Rodrix-Guarabyra e o
Momento 4 se formaram no Solar. Três das primeiras grandes estrelas a posar nuas
para uma revista masculina moravam lá: Betty Faria, Ítala Nandi e Tania Scher.
Por causa do diretor Kléber Santos, o Solar era quase uma extensão do Teatro
Jovem, em Botafogo, onde se gestava a renovação do teatro brasileiro, e do Casa
Grande, onde o momento político e cultural era dissecado pelos grandes
nomes.
Os moradores do
Solar tinham roupa lavada e passada, lençóis, colchas e toalhas trocadas e o
chão varrido ou encerado semanalmente, tudo incluído no aluguel. Se quisessem,
podiam fazer as refeições lá mesmo, pagando um pouco a mais. Em 1972, o Solar
foi demolido para, em 1980, dar lugar ao primeiro shopping center da cidade: o
Rio Sul. “Não é difícil imaginar que a destruição de um patrimônio desta
natureza (comparável ao Paço Imperial) seria difícil nos
dias de hoje, com a imprensa receptiva às denúncias contra crimes ao
patrimônio”, arrisca Toninho. Ironia do destino: a imagem do casarão está
gravada para sempre no filme Roberto Carlos em Ritmo de Aventura, de 1967, na sequência
aérea do helicóptero que passa por dentro do Túnel Novo.
Para
melhor entender e apreciar o fenômeno da contracultura brasileira, o “Solar da
Fossa” deveria ir para a lâmina do microscópio. Essa tarefa foi brilhantemente
cumprida pelo autor, Toninho Vaz, escritor e jornalista, no livro “Solar da Fossa -
Um território de liberdade, impertinências, ideias e ousadias” (Editora Casa da Palavra). Toninho,
ele próprio uma das figuras que
contribuíram para a consolidação da imagem do Solar como símbolo da vanguarda e
da efervescência cultural e política dos anos 1960. Para a pesquisa do
livro, foram entrevistadas 100 pessoas. “Até o último minuto para fechar o
livro, eu continuava achando ex-moradores do Solar, todos com ótimas lembranças
daquela época”, explica Toninho, que conseguiu entrevistas o ex-ministro
Cristovam Buarque e o atual ministro Moreira Franco, ambos ex-moradores do
Solar. O texto de apresentação foi escrito pelo autor e jornalista Ruy Castro,
que morou no Solar aos 19 anos, em dezembro de 1967. Segundo ele, o casarão
colonial de dois andares “serviu de incubadora de talentos, ideias e ousadias e
mudou para sempre os rumos da cultura brasileira”. O “Solar da Fossa” conta uma
linda história de liberdade criativa em uma época de ditadura
truculenta.
Sobre o
autor - Toninho Vaz nasceu em Curitiba, em
1947. Trabalhou como jornalista no Diário do Paraná, Diário da Tarde, TV
Bandeirantes e SBT. Na Rede Globo, atuou como editor por mais de 14 anos.
Publicou artigos e reportagens no Jornal do Brasil, O Globo, revista Manchete,
ISTOÉ e site NoMínimo.com. É autor das biografias dos poetas Paulo Leminski e
Torquato Neto, além do livro ”O Rei do Cinema”, sobre Luiz Severiano Ribeiro.
Sobre Nanda
Maya - É Paulista de
São Bernardo do Campo, iniciou sua jornada artística há 10 anos, apresentando–se
em casas noturnas de São Paulo. Trabalha atualmente na definição de repertório
para produção de seu primeiro CD e atua no Projeto Infantil Cantando com as
Crianças. Músicas que fazem parte de seu repertório: “Sincera”
(Renato Inácio),
“Terceiro Copo” (Renato Inácio) e “Olhos Da Alma” (Dandy Poeta
Cantador).
Serviço:
O
Autor na Praça - Toninho Vaz em uma tarde de bate papo e
autógrafos do livro “Solar da
Fossa”
Espaço
Plínio Marcos – Tenda
na Feira de Artes da Praça Benedito
Calixto – Pinheiros
Dia
09 de março, sábado, a partir das 15h.
Informações:
Edson Lima – 3739 0208 / 95030 5577 - oanp@uol.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário