quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Teatro paulistano perde Petrônio Nascimento
A cortina caiu definitivamente para Petrônio Nascimento na manhã desta segunda-feira (27). Ator, diretor, cenógrafo, professor, enfim, um homem de teatro ele soube dosar doçura com pragmatismo profissional, talentoso, sensível, generoso, ético, qualidades raras em nossos dias em que o simulacro e a espetacularização social mascaram o real.
Petrônio foi uma das pérolas que colhi como amigo ainda nos meus tempos de Teatro-escola Célia Helena, onde lecionou de 1993 a 1997. Além dos workshops com Rubens Corrêa e Hamilton Vaz Pereira, a participação no coral de professores regido por Roberto Anzai, dividimos a assistência de direção de alunos de interpretação em 1995.
Licenciado em Artes Cênicas pela Faculdade Santa Marcelina em 1979, de 1984 a 1986, integrou o corpo docente do Teatro Escola Macunaíma, dirigindo diversos textos de autores brasileiros como Martins Pena, França Júnior, Arthur Azevedo, dentre outros. Ainda com os alunos da escola, dirigiu o espetáculo Farrambamba, colagem de diversos autores, com temporada no Teatro de Arena Eugênio Kusnet e participação em diversos festivais, recebendo vários prêmios de melhor diretor, cenógrafo e de melhor espetáculo.
Dirigiu a peça Vamos Jogar o Jogo do Jogo, de Fernando Bezerra, que lhe valeu a indicação para o prêmio Mambembe de Melhor diretor de 1986, na categoria Teatro Infantil.
Para o III Festival de Mímica de São Paulo, promovido pelo SESC Pompéia em 1988, dirigiu o espetáculo de Comédia Dell’arte Os Amores de Isabella, texto coletivo, com o Grupo Le Maschere.
Assisti, no Teatro-escola Célia Helena os espetáculos A Inquilina de Botafogo, de Gastão Tojeiro, com os formandos de 1994; A Dama da Madrugada, de Alejandro Casona, com os formandos de 1996; O Apocalipse ou O Capeta de Caruaru, de Aldomar Conrado, com os formandos de 1997 (que teve temporada no Teatro Célia Helena, dividindo o palco com meu musical infantil, Uma Aventura no Planeta Boca), e fui apresentado a outras dramaturgias brasileira e latino-americanos.
Seus últimos trabalhos, como diretor foram: Esperando Goldoni, de Emílio Gama, com a Cia do Parnaso; Brincando na Chuva (Prêmio FLÁVIO RANGEL 2000), de Alexandre Kavanji, com a Cia Paulicea de Teatro; A Noite dos Assassinos, de José Triana, com o Teatro Cartel.
Como ator, seus principais trabalhos foram: O Pagador de Promessas, de Dias Gomes, sob a direção de Ednaldo Freire; Não Me Abandones No Inverno, de Avelino Alves, com direção de Hugo Villavicencio; A Barraca do Nosor, texto e direção de Soraya Saide.
Em 2002 passou a integrar a Companhia do Feijão, atuando nos seguintes espetáculos: Mire Veja (prêmios SHELL Especial e APCA – Melhor Espetáculo, em 2003), Reis de Fumaça, Nonada, Pálido Colosso, O Ó da Viagem e Veleidades Tropicaes, todos com direção e dramaturgia de Pedro Pires e Zernesto Pessoa. Período de intensa e profícua parceria.
Na área de cenografia, iniciou suas atividades profissionais em 1981 no Grupo de Teatro Mambembe, onde teve a oportunidade de ser assistente do cenógrafo Irineu Chamiso Júnior. Ainda na faculdade, foi aluno do cenógrafo italiano Luigi Zanotto. Em 1993, participou do Workshop promovido pela Secretaria Municipal de Cultura, coordenado pelo cenógrafo e diretor Gianni Ratto. Realizou inúmeras cenografias para diversos grupos de teatro e, também, para a Escola de Arte Dramática – USP e Teatro Escola Célia Helena. Desde 2003 é, também, cenógrafo da Companhia do Feijão, tendo criado os cenários de seus cinco últimos espetáculos.
Como dramaturgo, escreveu os textos: Das voltas Que O Mundo Dá e Conversa de Bar, ambos institucionais. A História de Piriléu e Boriléa e As Estripulias de Fígaro, textos infanto-juvenis, montados pela Cia Paulicea de Teatro, com direção de Ednaldo Freire.
Seu último texto e direção foi a montagem Cidade dos Ladrões (contemplado pelo ProAC- produção em 2009).
AMIGO QUERIDO, QUE DIONÍSIO TE GUIE AO OLIMPO! NÓS? CADA DIA MAIS SAUDOSOS.
Michel Fernandes, do Aplauso Brasil
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