Bete Mendes
Ustra
Pau d'arara
9 de Outubro de 2008 - 18h35 -
"É um sinal de que a impunidade está acabando neste país", acredita Criméia, espancada pelo próprio coronel Ustra na prisão. Ela, a irmã Amélia, o cunhado César, e os dois sobrinhos Edson e Janaína ajuízaram a ação sem pedir qualquer indenização. "A intenção era reconhecer que houve tortura e torturadores no Brasil", disse.
No que diz respeito às crianças, o juiz julgou a ação improcedente porque "a prova testemunhal ficou muito vaga quanto aos autores Janaina de Almeida Teles e Edson Luis de Almeida Teles". "Me considero vitoriosa mesmo que a decisão não contemple a mim e o meu irmão. Eu ouvi os gritos, vi minha mãe sendo torturada, fiquei seis meses sequestrada. Isso é tortura sim, tortura psicológica", diz.
O advogado da família, Anibal Castro de Souza, explica que a ação declaratória é um grande avanço para a democracia brasileira. "Estamos pedindo o direito à verdade. É a prova de que os tempos estão mudando, que hoje conseguimos o que antes era impossível".
A atriz e ex-deputada federal Bete Mendes foi a primeira a denunciar publicamente o coronel Ustra por tê-la torturado enquanto estava presa. "Só me manifesto sobre este assunto em juízo", afirma Bete. Procurado pela reportagem da Agência Brasil, o militar se pronunciou por meio de seu advogado, Paulo Esteves. "Vou usar todos os recursos cabíveis. Meu cliente se incomoda em ser tachado de torturador. Ele considera desagradável e injusto", disse Esteves.
Para Amélia, uma das autoras do processo, "deve ser mesmo desconfortável e incomodar, mas que ele cometeu tortura, cometeu. Pode mesmo incomodá-lo, mas é uma questão de justiça. Bater, espancar... tudo o que ele fez foi tortura, não tem outro nome para isso".
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